A MAGIA DO NATAL
No Natal de 1991, vivi uma experiência inesquecível:
Tinha ido trabalhar e, enquanto trabalhava, refletia sobre o sagrado dia. Aí disse pra mim mesmo: Ora bolas! Hoje é dia de Natal! Então, por que tenho que trabalhar? Na verdade não me importava. Já havera de trabalhar em outros Natais. O que eu queria mesmo era desabafar. As coisas não iam muito bem pra mim. Não tinham sido durante todo o ano. Fiquei a maior parte dele desempregado. Estava naquele emprego há quatro meses e ganhava mal, muito mal. Sentia-me insatisfeito; inconformado; infeliz... queria era culpar alguém por isso. Então, lembrei-me de uma certa “MAGIA DO NATAL”. Falava-se muito nela. Sim, estava nos jornais, na televisão, nos sermões do clero, no discurso do presidente, nas conversas de bar... era a frase do mês. Sarcárstico, pus a indagar-me: Onde estará essa tal de magia? Irônico, iniciei uma busca: Virei-me para meu colega de trabalho ao meu lado e lhe perguntei: -Você viu a magia do Natal por aí? -Você está ficando doido, é? – Respondeu. Achei que nele, a magia não estava. Então percorri os setores da fábrica e insisti na pergunta. Olhei nos olhos das pessoas, prestei atenção em seus gestos e concluí que nelas, a magia não estava. No decorrer de minha jornada de trabalho tentei encontrá-la em muitos locais e em diversas coisas. Convenci-me de que alí, no meu trabalho, ela não estava. Então onde estava, afinal? No trajeto de volta pra casa, prossegui com a busca. Passei por um mendigo na calçada e tentei encontrar a magia nele. Não consegui! Uma criança abandonada perambulava na rua. Aí, pensei: Huuummmm!!!, está com ela. Foi engano, nada! Um portador de transtorno mental com barbas enormes e um saco nas costas -Lembrava o Papai-Noel-, respondeu-me, -Ao lhe perguntar sobre a magia- que fazia um tempão que não falava com ela. Mas se a visse, me diria. Viu? Bem feito pra mim. Peguei a condução e notei que as pessoas estavam sorridentes. Trocavam informações sobre o que fariam naquela noite. O assunto era peru, vinho, panetone... Definitivamnte, - Pensei - a magia não estava em nenhuma delas. Já era noite quando desci do coletivo e fui pra casa, convencido de que a “MAGIA DO NATAL” não existia. Foi então que aconteceu: Quando abri a porta e entrei, algo de misterioso invadiu meu coração ao olhar minha sala. As poltronas eram as mesmas, porém, tinham sido mudadas de posição, dando um aspecto de novo no ambiente. A árvore de Natal era do ano anterior, mas havia sido cuidadosamente restaurada e estava linda! Meus filhos estavam a minha espera e narraram orgulhosos como ajudaram nas tarefas. Minha mulher estava cansada e com o vestido sujo de cera, mas feliz por eu estar de volta e completado a família. Abracei-os, agradeci a Deus por aquele momento e por ter me mostrado finalmente, a “MAGIA DO NATAL”
Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 24/03/2017 |