Francisco Piedade

Sou um náufrago do barco do destino: Nadei, nadei, nadei à deriva e aqui vim parar.

Textos

A SINA DO SINO
Blém, blém...
Todos os dias,
À mesma hora,
O tedioso som estridente,
O rotineiro vai-e-vém do badalo atraindo os fiéis,
Que seguem em marcha para o lugar-comum;
O mesmo sermão,
A mesma prece,
A mesma crença,
Amanhã, talvez...

O NATAL chega!
E o sino o anuncia cumprindo resignadamente sua sina;
As pessoas comem, bebem
Esquecem que a fome tortura os esqueletos-vivos Africanos.
Elas se cumprimentam, se abraçam
E ignoram que o oriente degladia com o ocidente;
As pessoas riem, se divertem;
Não atentam para a injustiça e miséria que as cercam;
Porque acreditam;
E o sino bate;
O operário crê;
E o sino replica:
Blém, blém... quem sabe no ano que vem...
Ora, bolas!
Cada um tem sua sina.

Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 11/12/2020


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