Francisco Piedade

Sou um náufrago do barco do destino: Nadei, nadei, nadei à deriva e aqui vim parar.

Textos

DE VOLTA À REALIDADE.
Ganhei uma medalha.
Se minha memória não falha,
Foi há cinco anos atrás.
Ganhei abraços e presentes.
Apertei a mão do presidente.
Isso não esqueço jamais.


Passeei de carro,
Tirei muito sarro,
Até viajei de avião.
Vesti paletó,
Aprendi em gravata dar nó.
Apareci na televisão.


Conheci o diretor,
Meu chefe me abraçou,
Me aplaudiram às pampas.
Fui à Brasília,
Levei a família,
Desci até a tal da rampa.


Os jornalistas me entrevistaram,
Os colegas me elogiaram,
Beijei também a  assistente social.
Me mandaram discursar,
Disseram que eu era exemplar,
Um modelo e coisa e tal.


Acho que me iludiram.
Um ano depois me despediram,
Me deu uma dor no coração.
Hoje vendo bolachinha de goma,
De nada me valeu o diploma,
O de OPERÁRIO PADRÃO.


Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 25/03/2017


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