Francisco Piedade

Sou um náufrago do barco do destino: Nadei, nadei, nadei à deriva e aqui vim parar.

Textos

DEUS VISTO DE UMA JANELA.
DA JANELA SUNTUOSA DA MANSÃO,
ALGUÉM CONTEMPLA O MAR;

DA JANELA MISERÁVEL DAS PALAFITAS,
ALGUÉM FIXA O VAZIO;

DA JANELA CORRIQUEIRA DO ÔNIBUS,
ALGUÉM ADMIRA O EFÊMERO;

DA JANELA ESTIGMATIZADA DO PROSTÍBULO,
ALGUÉM PRESTA ATENÇÃO NA HIPOCRISIA;

DA JANELA ELEVADA DO AVIÃO,
ALGUÉM VISLUMBRA O MUNDO EM MINIATURA;

DA JANELA INVISÍVEL DO PRESÍDIO,
ALGUÉM ENCARA A SOLIDÃO;

DA JANELA LÚGUBRE DO FÉRETRO,
ALGUÉM, OLHA ALGUÉM COM SAUDADE.



Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 02/12/2020


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