LAMBENDO AS FERIDAS.
Deixem-me a sós com minhas feridas;
Preciso lamber o pus que escorre de meu ego; Sorver a secreção que aflora de meu medo; Aspirar o odor repugnante que exala de minha estupidez; Suportar a dor latejante de minha fraqueza exposta; Remover o sangue coagulado de minha existência; Sentir-me nojento e miseravelmente, miserável! Deixem-me a sós com minhas feridas; Quero cobri-las com o curativo da dignidade; Fechá-las com a paciência e sapiência do tempo E remover as cicatrizes com o instrumento da fé; Aí, então, partirei; Sem ego, Medo, Estupidez, Passado, Nojo...
Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 30/11/2020 |