Francisco Piedade

Sou um náufrago do barco do destino: Nadei, nadei, nadei à deriva e aqui vim parar.

Textos

O COFRE.
Um dia resolvi  enveredar pela  “Avenida do pasado.” Não estava fazendo nada e queria vagabundar. Fiquei  acabrunhado ao encontrar uma avenida que fora tão bela e suntuosa, agora  deserta e esquecida.  Logo meu coração fora acometido  por uma nostalgia sem precendente. Então recordei-me de quando e como ela fora construída.  Logo seu minúsculo início ascendeu à  uma decorrência esplendorosa. O  custo foi alto, é verdade.
Consta que para que fosse expandida,  rochedos tiveram  que ser demolidos;  Pontilhões foram erguidos sobre crateras  e,  obstáculos naturais,  (Ou não), suplantados obstinadamente.

Em seu apogeu  fora visitada e percorrida por muita gente ilustre. (Ou não) Algumas por satisfação,  outras  por casualidade e a maioria por curiosidade.
Hoje está desativada.  Mas permanece sólida e atraente. Tal qual um monumento mitológico que resiste ao tempo.

Como já estava ali, decidi esticar-me até a  “Rua do presente.” É uma bela e larga rua. Glamourosamente luminosa  e tentadora.  As muitas  vitrines e os diversos cassinos,  lhe dá um aspecto de luxo e perdição. Há de tudo.  Porém, prefiro apenas  contemplar   as maravilhas.  Algumas delas já conheço,  razão pela qual não me sinto irresistivelmente fascinado.  Por isso,  sigo em frente com passos curtos e olhar sereno, contudo, mantenho os sentidos e instintos atentos.

Daí pensei em estender minha vagabundagem até ao  “Beco do futuro.” É um beco estranho, confuso e misterioso.  Tudo nele é fechado.  Uma viela dá em outra, que dá em outra, que dá  em nada.  Assemelha-se a um labirinto. Há muitas placas  ao redor com frases escritas tais como:  “Aguarde” “ Espere”  “Talvez”  “ Quem sabe?” Algumas delas só havia um ponto de interrogação. Uma piração, esse beco.

Já estava de saída quando  esbarrei em um objeto em meu caminho:  Era um cofre. Um cofre? – Interroguei-me.  O que estaria um cofre fazendo ali? – Refleti.  Quem o deixou e com que propósito?  
Como tudo no beco, o cofre também estava fechado. E agora? Que farei? – Perguntei-me.
Ele  é um lindo, resistente  e grande. Ficarei com ele.  – Decidi!
Um dia descobrirei  seu segredo,  o abrirei e descobrirei  o que há dentro.


Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 25/03/2017


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