POEMAR
Mar,
Espelho da lua, Reflexo do sol, Retrato da natureza; Por que bates insistentemente no monumento negro e resignado? Não te cansas? Por que aceitas que o homem malvado escureça tuas águas E assassine teus frutos? Não te zangas? Por que apagas as poesias dos amantes anônimos Rabiscadas na areia? E por que escondes a beleza e a sensualidade da sereia? Não te acanhas? Ah, mar... És cantado pelo moço da viola; Pintado pelo homem do pincel; Descrito pelo poeta inspirado; E abençoado por Deus e pelos orixás; Não te envaideces? Por que és tão reverenciado e poderoso, Mas te arrastas submisso E beija os pés imundo do forasteiro? Não te envergonhas? Mar, fascinante, mar! És o sustento do pescador, O deleite do barco à deriva E testemunha das juras de amor, Daqueles que amam em teus braços; Não te orgulhas?
Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 31/10/2009
Alterado em 19/11/2020 |