Francisco Piedade

Sou um náufrago do barco do destino: Nadei, nadei, nadei à deriva e aqui vim parar.

Textos

RECÔNCAVO, JUDIADO RECÔNCAVO.
A juventude e a beleza da marisqueira, corroídas pelo sal;
A pele rubra do resignado pescador, castigada pelo sol;
Na lama desnutrida e cansada,
Já não há caranguejo, ou sururu;
No mangue amarelado e surrado,
A ausência do Siri e aratu;
Na secular fazenda-cemitério,
Descansa em paz o falecido viveiro;
No fantasmagórico deserto do porto,
Jaz um esqueleto de saveiro;
No já escasso e devastado mato,
A paca e o tatu se extinguiram;
Já nas antigas choupanas,
Os inquilinos  sumiram.

Mas a igreja e o cruzeiro da antiga praça,
Ainda existem;
E os versos barroco do inconformado Poeta,
Ainda resistem.



Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 04/11/2009
Alterado em 11/11/2020


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