O DESPERTAR DA SOLIDÃO.
(Às mulheres mal amadas)
Acordo; Infelizmente, acordo não me recordo; Da hora em que adormeci, De quantos cigarros fumei, Nem de quantas batidas do relógio, ouvi. Acordo; E vejo teu lugar na cama bem composto E uma lágrima solitária desliza em meu rosto; Sou acometida por um imenso desgosto E por uma embaraçosa vergonha, Ao ver manchas em minha fronha, Maltratada pelo meu corpo contorcido, esquecido... Acordo; E lembro de quando às vezes chegas de madrugada E encontra-me em inquietação mergulhada; Me dá um beijo mecânico; Aí, entro em pânico, Ao sentir tuas costas roçarem meus seios, Sou torturada pelos desejos anseios E tu dormes... Acordo, Para mais um dia de solidão; Para tentar persuadir-me em vão, De que tu ainda me amarás; Antes que eu exploda de amor; Que não suporte mais esta dor E não mais acorde.
Francisco Piedade
Enviado por Francisco Piedade em 01/12/2009
Alterado em 23/10/2020 |